domingo, 26 de outubro de 2008

"Sobre o tempo"

Tic-tac, tic-tac....primprimprimprim!!!!
Hora de acordar
Hora de comer
Hora de trabalhar
Hora de correr
(Chegou atrasada, o ônibus acabou de passar)
Hora de pegar bronca do professor
Minutos, segundos
Horas...
Oras, pra que tantas horas? Se no final são tão poucas pra tanta coisa?
Mas, afinal, o que é o tempo?




Será que é o dia de sol que faz lá fora?
Ou será que é mesmo uma invenção capitalista?
Será que ele existe?
Ou será apenas mais uma utopia de sonhadores deslocados?

Muitas vezes já quis tê-lo
Queria eu poder conhecê-lo
“Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda,
eu sei, pra você correr macio”
E quando será que o tempo corre macio...
E onde será que não há percalços em seu caminho?
Preciso de tempo pra relaxar
Preciso de tempo pra terminar
Preciso de tempo:
Pra escrever
Pra dormir
Tempo pra dormir... tempo!
Para conversar com meu amigo des-conhecido
Sobre sonhos e devaneios
Sobre coisas “desnecessárias”
Que pessoas ocupadas não tem tempo a perder
Mas, que me fazem bem
E pra isso sempre arrumo o tempo que não existe.

domingo, 19 de outubro de 2008

Palavras COMUNS

Ontem, reunião pra formação de chapa pra "disputar" as eleições do COMUNS - Centro Acadêmico de Comunicação Social da UESPI. Terceira vez que participo de um momento como aquele. Cada um único. Durante as propostas: " Desenvolvermos atividades de comemoração dos 5 Anos do COMUNS". Poxa, 5 anos... Aí lembrei desse textinho, que tinha cá guardado. Resolvi resgatá-lo! (Ah, falta o Rômulos, rs, ele quase nunca sai nas fotos, porque quase sempre é o fotógrafo, como nesse dia)


Juventude. Insatisfações. Vontades. Anseios...

Em meio a multidão cotidiana, com preocupações individualistas, surgem vozes que proferem palavras inquietantes.

Que “desafinam o coro dos contentes”. Que possuem preocupações COMUNS, que se unem em torno de causas COMUNS, que agem em prol de um coletivo.

São jovens cheios de sonhos. Utópicos? Talvez, até que sim.

Estudantes que sonham com o impossível e travam brigas para que o possível se faça realidade.

Brigentos, diplomáticos, birrentos, apaziguadores, falantes, calados, idealistas...

Pessoas diferentes, que brigam, que riem, que choram, que comemoram, que caem, que são perseguidas, que vencem juntas!

E que perdem também , mas que levantam, repensam as estratégias e pautas e voltam a luta. Foi só uma batalha perdida.

Apenas um acontecimento pontual, que torna-se motivador para o alcance de grandes vitórias ao longo dessa guerra sem final, renovável.

Assim, como o movimento estudantil, que perpassa diferentes épocas, contextos, conceitos.

Correr riscos. Permitir-se. Viver. Conviver.

Estudantes que enxergam na união um modo de experimentar sensações, de sentir o amargo sabor dos dissabores que adoçam a vida, e de gritar aos quatro cantos (às vezes bem alto, às vezes em silêncio) que basta de desigualdades, de falcatruas e que agora ( como toda hora!) é hora de buscar a diferença, de entender que “um outro mundo se faz possível”.

São sonhadores. Revolucionários anônimos, com idéias conhecidas. Alguns nem tão desconhecidos, mártires dos “anos de chumbo”.

Velhos anos, novos tempos. E o chumbo, ainda permanece? Talvez não tão às claras, nem tão literal. Talvez hoje ainda se morra por ideais. Se morre de raiva de gestores incompetentes. Se morre de tédio por um ensino sem qualidade. Se morre de gritar sem ser ouvido. Se morre por querer viver dignamente.

Mas vale morrer, que perder a vida. Mais vale viver que morrer de medo. Mais vale lutar que desistir dos sonhos. Mais vale acreditar que juntos somos mais.


sábado, 18 de outubro de 2008

O ipê e o asfalto


A cidade. Multidão. Rostos anônimos. Correria.
Sozinha caminhava após um dia entediante. Um dia citadino.
Em dias assim, o olhar custa fixar-se. O olhar corre e não vê.
Em dias assim, a gente não vive. Luta pra sobreviver.
Mas lá estava ele. No meio do meu caminho. O ipê.
O ipê florido no meio do asfalto. Suave, tranqüilo.
Desde pequena sempre me senti atraída pelos ipês.
Sempre me questionei “Como pode árvores de flores?”
Então, por mais enfadada que viesse correndo pra chegar logo e deitar, meu olhar não se desviou dele. Do ipê amarelo.
Parei. Simplesmente parei a contemplá-lo.
E aquilo me trouxe calma. A calma que a cidade me leva embora.
E aquilo me fez pensar, pensar coisas aparentemente sem nexo.
(Adoro pensar coisas assim, há quanto tempo não o fazia! Não tinha tempo!)
A cidade nos rouba o tempo de pensar.
Mas ele estava lá. No meio do asfalto. Que bom que estava lá.
Levou-me de volta a minha infância. Às manhãs de domingo a caminho da casa do vovô.
E me fez refletir sobre a vida.
Sobre como somos impacientes e não aproveitamos o momento porque nos prendemos ao depois.
Aquelas flores enfeitam o ipê e a cidade em tempos de aridez.
Mas depois as flores caem. E demoram um ano todo pra voltar.
Mas o ipê estará lá. Sereno. Paciente.
É o ciclo da vida.
O ciclo que a agonia da cidade cega nossos olhos e nos faz desperceber.